segunda-feira, 15 de abril de 2013

Feito fome, feito pancadas e pesadelos



















Assim transcorrem minhas noites: meu pensamento e minhas narrações se inserem num contexto de imagens confusas. A lembrança vem feito fome, feito pancadas e pesadelos.  Bem poucas são as horas que ainda te esqueço, mais pouca ainda são as noites que  durmo quando me é pronunciado seu nome.Ao começar o tumulto dentro de mim, de repente, minha cabeça entra numa atividade frenética de compor frases e textos. Estou irremediavelmente desperto, exposto à criatividade melancólica, cruelmente nu e vulnerável diante de meus pensamentos. Vai começar tudo de novo! Essa noite vai ser longa. Puxa vida, que frio! Que fome! Quanto cansaço, quanta distância nos separa agora. Melhor me concentrar na tv e no gozo daquela cena que em breve será meu e, durante uns dez minutos (até que eu tenha gozado), designarei tudo daquela cena como se fosse meu gozo, meu beijo, meu abraço...
Após a ilusão, abro os meus olhos e vejo a cortina de estrelas além da janela. Continuo aqui, e sua ausência também. Ela é uma boa companhia. Não me deixa um segundo. E enquanto saio da cama para o banheiro, sob meus passos permanecem os vestígios dos teus. Procuro mais rastros. Vou até a geladeira buscar um copo de água. Olho mais uma vez além da janela e observo a rua vazia. Tão vazia quanto eu, quanto você. Talvez esse vácuo possa ser um sinal, um espaço onde outra pessoa poderá se hospedar por mais dez meses.   
Ligo o PC, procuro minha música favorita. Como de costume, repito e repito olhando sua expressão congelada numa foto romântica, que pelo aspecto do seu sorriso e pela vaga tontura que me aparenta estávamos felizes. Estou quase feliz enquanto busco mais retratos, pensando vagamente que já fui assim com você alguns dias. E com essa mesma insistência, todas essas coisas eu faço e vejo nesses momentos que falta o sono, falta você, falta alegria.
Uma implícita convenção me diz que eu não faça nada, não ligue, não chore, não pense. Num instante, meu corpo dorme, deitado ao lado do seu (retrato), mas minha alma, por trás das pálpebras recém-fechadas, passeia levemente naqueles sonhos de sempre: De estar contigo, abraçado na cama, com fome e sem sono.

Nenhum comentário: