sábado, 24 de agosto de 2013

Si

A verdade é que quando penso em você a minha paz começa a brigar com a saudade. Num canto ou noutro da casa me pego olhando um retrato, como se nele guardasse algo da gente. Um olhar, um sorriso quieto, uma expressão que não muda, mesmo diante do meu choro você permanece lindamente sorrindo, como se a vida pra você não tivesse estacado. Essa é a pior conclusão! É saber que a vida segue. Mesmo sem mim, sua vida segue. É tão difícil encarar que certas pessoas têm essa habilidade de entrar e sair da vida do outro sem prejuízos. Isso me causa inveja. Às vezes queria ser irracionalmente humano para aceitar a perda sem estragos. Aceitar o fim como um começo. Aceitar seu abraço como o de um amigo, aceitar de você um eu te amo fraterno, dividir contigo momentos e emoções sem me prender a sua vida. Mas ainda estou preso! Permaneço acorrentado a esse sentimento que me tira as forças, a paz, a alegria... É estranho! Mas o amor ganhou outra cara. Como um algoz que massacra o inimigo, o amor que sinto por você hoje esmigalha um pouco de mim todo dia. O que antes me fazia sentir feliz, hoje me diminui a um espectro, a um nada que caminha num imenso oco de sua existência. Porque hoje meus olhos já não tem aquele brilho. Eles secaram. Não tenho mais vontades e fico aqui, sozinho, perdido nesse imenso nada. Porque sem você a minha vida não tem nada mais que um deserto e uma lembrança daquele gosto que eu tinha na minha boca quando sentia que você me queria. Aquele sonho era tão bom, tão bonito, tão infinito... E agora, só o que tenho são estas lembranças, e nelas você parece me dizer: - Estou aqui!
Se você não voltar mais pra mim sinceramente nunca mais serei feliz.