terça-feira, 8 de setembro de 2009

SAUDADE DE MIM


Hoje, lembrei de mim! Lembrei daqueles dias que eu sabia sorrir de frente ao espelho e sonhava acordado os nossos sonhos de amor. Lembrei do pedaço de mim que você levou. Também senti saudades daquele lugar bonito que preparei pra você. Daí, com essas lembranças veio à tona a doce melodia de sua voz e a impressão de que meus pesadelos se transformaram em sonhos e meus sonhos se transformaram em carne.
Hoje, do nada, apertou aquela saudade de quando eu adormecia nos traços e acordava no céu, debaixo das asas de um anjo. Lembrei daquele gosto de felicidade, do sabor do néctar dos deuses que eu bebia dos teus lábios. Lembrei da paz do teu abraço, do encanto do teu sorriso, do poder dos teus olhos, do calor de tua pele da impetuosidade da tua chegada.
Tanta coisa se passou no anfiteatro da minha mente... E quando você apareceu lá como a protagonista dessa história eu esbocei um largo sorriso e meu coração aliviado exclamou – Finalmente! E corri para o espelho do meu quarto na tentativa de me reconhecer de novo. Que nada! Quando olhei o reflexo do meu rosto , vi que não era eu. Era apenas o espectro que passeava pela casa, à espera do meu eu voltar.
Hoje, me bateu uma saudade desmedida de mim. Queria tanto que você me devolvesse a mim! Sinto minha falta! Será que estarei eu condenado a viver de metades, incompleto, vazio? Quanto tempo terei que esperar por essa outra parte que nem sei onde você colocou. Talvez tenha guardado na gaveta do seu esquecimento, ou no bolso do seu desprezo. Não! Quem sabe, não! Talvez eu esteja sendo trágico demais. Provavelmente você colocou esse pedaço de mim na estante do seu passado. Se for assim, fico mais tranquilo. Pois, quem sabe, um dia, quando você voltar no tempo e sentir saudade daquele lugar bonito, talvez, quem sabe, você decida tirar esse pedaço de mim da tua estante e pô-lo à mesa para servir-se de carne e de olhares. Para que comunguemos, novamente, um do outro e assim, o fantasma se incorpore da vida, da carne e do alimento. E naquele lugar bonito onde minha fome era manifestada, matarei essa fome de amor e de mim.
E depois que você chegar, vou deitar aquela toalha vermelha, que ganhei de presente, sobre a mesa e me fartarei de sorrisos, saboreando da pessoa que me faz ser quem eu fui um dia.